E-crítica

Críticas e essays para assuntos diversos

Cota não é solução , mas encobre o mensalão!

por Igor.
O Brasil sempre foi conhecido mundialmente por sua tolerância e diversidade, mas , com os recentes eventos de ações afirmativas parece que o país retrocede na questão. Por mais que haja um panorama social adverso ao ponto de o Brasil ser o país com a pior distribuição de renda do mundo - até mesmo a frente de paises como o Iraque! - a questão racial nunca foi um fator determinante no panorama nacional.
Os grupos afro-brasileiros que encabeçam o movimento alegam que dos 10% mais pobres do Brasil, 70% são negros. De fato, um dado preocupante mas, devido a razões históricas, pois, a população negra no Brasil colonial era mão-de-obra escrava, e , mesmo após a abolição esse nicho populacional continua estigmatizado até os dias de hoje.
Entretanto, analisando a proposta de cotas para negros no ensino superior, incorremos em diversos problemas. Primeiramente, a questão racial no brasil, pois ações afirmativas desse cunho ocorreram nos EUA na década de 60, mas , os Estados Unidos tem um histórico racial de segregação bem diferente do nosso. Lá, os negros não tinham sequer direitos civis, além de o conceito ultrapassado de "raças" ser bem marcado, ou seja, um negro é de fato um negro porque o grau de miscigenação devido ao preconceito naquele país é muito grande. Já no caso brasileiro, onde houve uma grande miscigenação a cor da pele não necessariamente indica a origem da pessoa. Logo, temos um novo problema. quem é negro no Brasil? Essa auto-declaração pode gerar distorções no sistema, com individuos se aproveitando dessa brecha, afinal, quem julgaria se de fato alguém é negro ou não?
Além disso, tal medida visando fazer justiça a um preconceito histórico acarretaria em outro ato brutalmente discriminatório, porque enquanto a cota é racial e não social, como deveria sê-lo isto significa que os não-negros pobres - que tambem são milhões no país afora , especialmente no nordeste - estariam excluídos deste benefício somente por não serem negros. Na outra ponta, há uma pequena elite negra brasileira, e esta também, poderá tomar proveito das cotas apenas pelo seu tom de pele. E quanto as outras minorias? os asiáticos, os indios, e mesmo os brancos em risco social que não raro vemos nas favelas das grandes cidades continuariam no encalço da piramide social condenados pelo azar de não ter nascido com a bendita pele negra!
Por fim, o ponto nevrálgico da questão é que a criação de cotas para negros não cria novos investimentos no ensino superior já defasado, ao contrário, o sobrecarrega ainda mais. E, segundo cálculos dos próprios grupos defensores de cotas, esse sistema criaria cerca de 28,000 vagas para os jovens negros. 28,000 míseras vagas, sendo que a população carente brasileira passa dos milhões! Ou seja, esta medida soa muito mais como uma panacéia governamental muito perspicaz para afagar uma pequena elite negra e uns poucos cérebros privilegiados da periferia brasileira.
Todavia, a questão já é de caráter estrutural, é preciso investimentos da ordem de bilhões de dólares na educação básica e no ensino medio para preparar todos os cidadãos, negros ou não, para disputarem em igualdade o mercado de trabalho e as vagas universitárias sem precisar de esmola governamental. E não somente de escola precisam os cidadãos, mas , antes de mais nada que o estado lhes forneça seus direitos básicos como Saúde e Segurança Pública, só então, com esses investimentos na rede de proteção social haverá uma mudança seria e real no Brasil, pois as cotas claramente são somente um grão de areia no meio do deserto de miséria brasileiro.

postado por Igor @ 2:53 PM,

4 Comentários:

At 5:04 PM, Anonymous Anonymous said...

COMO TUDO É DIFERENTE
E SE IGUALA NA DIFEREMÇA

SE O FUTEBOL É O ÓPIO DO POVO
A POLITICA ´E A POBRE NUTRIÇÃO DO MESMO POVO

MAS VAMOS CONFRONTAR SISTEMAS!

vamos fazer de um pais um ser humano

de um governo seu consorte

e vamos jogar equivalencias

BRASIL--PODEMOS ADEJECTIVA-LO COMO FEMENINO
pois ele é fertil em toda a sua forma de estar e existir

queres tornasr-te seu consorte?

com carinho muito carinho,tenta resolver os problemas existencias de tua amada(brasil)

para não te impores não seres agressivo,por muita razão que tenhas,precisas de tempo para implantares teus valores

e quando implantas teus valores eles são absorvidos e manipulados dentro,não de teus valores ,mas dentro dos valores dela(tua amada)
NÃO SENTIRÁS O GOSTO DA VITORIA MAS DA CONQUISTA
MAS SE SENTES A CONQUISTA SABES QUE O QUE CONQUISTAS-TE É VIVO E PALPITANTE MUTAVEL A TODA A HORA
POR ISSO VIVERÁS DE CONQUISTAS E DEIXANDO UM CUNHO TEU EM CADA TROFEU
OS CASAIS SE ADAPTAM READAPTAM
INTERAGEM E MODIFICAM,CRESCEM OU ESTAGNAM
MAS PARA TUDO HÁ UM TEMPO
me desculpa a divagação pois te estou questionando de um facto por mim totalmente longe,não tenho a minima noção da vida brasileira

MAS UMA COISA EU SEI
para não entrar em estado de choque com a lingua brasileira
tenho que (desculpa meu conseito)por as palavras que interpreto,a dançar
digamos que a um som doce e suavisante da lingua portuguesa
(repara este conceito não é pejorativo)
podemos ser rebeldes(no brasil revolucionarios)intervencionistas mas...quando olho o fundo do poço vejo politica desta forma
por isso politica é um pobre nutriente,só alimenta alguns
e mesmo assim a sua receita basica nem sempre é seguida,e a absorção de cada organismo é diferente

 
At 8:26 PM, Anonymous Anonymous said...

Muita coisa concordo contigo. Mesmo porque já escrevi uma crítica quanto a discriminação e preconceito aqui no Blog. O que posso dizer é, complementando o meu artigo, que as cotas para negros, ao contrário de "diminuir o preconceito e a desigualdade", ela é, per se, um preconceito. Se é para fazermos cotas, coisa desnecessária e discriminatória, porque não revolucionamos e fazemos "cotas" para todo o tipo social e racial? Cota para branco, cota para nipo-descentende, cota para ítalo-descendente, para franco-espano-germano-indo-chinês por exemplo, já que, grosso modo, os negros são afro-descentendes. Para o caso de a cota ser "privilégio" social, aumentemos a cota para cota para clássia média, cota para funkeiros, cota para rockeiros, e por aí vai. Porque a necessidade de criar cotas para raças diferentes, sendo que a única raça em que vivemos é a raça humana?

 
At 2:03 PM, Blogger sergio dias said...

Atualmente ouvimos dos defensores do mito da democracia racial brasileira a idéia de que superaremos a grande desigualdade racial brasileira através da melhoria da educação. Dizem eles que como não temos problemas raciais no Brasil facilmente sairemos deste abismo em que nos encontramos se tivermos uma escola pública de qualidade, isto é, com professores bem pago e de excelente formação, uma boa infra-estrutura física e logística nas escolas, acesso a todo tipo de tecnologia educacional possível aos alunos no universo escolar e horário integral.

Esta proposta se encarada com seriedade merece de todos nós aplausos e apoio. Embora não acredite que venceríamos todos os problemas sociais apenas com a democratização da estrutura educacional brasileira, devo reconhecer que seria um passo importante para desmontarmos parte do apartheid social e racial existente. Seria fantástico se pudéssemos ter nossas escolas públicas funcionando dessa forma e ver nosso filhos tendo a oportunidade de aproveitar desse direito básico estabelecido constitucionalmente.

Entretanto, se fizermos uma digressão histórica veremos que esta proposta de educação é filha de uma época determinada, e mais, de uma estrutura de Estado determinada. Um Estado que surgiu a partir de um acordo de classes instituido numa Europa arrasada pela 2 Guerra Mundial e sob a ameaça da expansão soviética. Nestas circunstâncias, uma burguesia débil e temerosa aceitou melhorar as condições de vida da população em geral, em troca do abandono, por parte dos trabalhadores, dos ideais comunistas e da sua militância em partidos operários. Daí nascem a social-democracia e o Estado do Bem-Estar Social, o "Welfare State", que pretendia prioritariamente combater a miséria e garantir direitos como moradia, saúde, educação, previdência e o emprego. Após a instauração desse acordo temos, como bendisse Hobsbawn, "os 25 anos áureos do capitalismo".

Hoje, infelizmente o "Welfare State" vem sendo destruído pela burguesia, e o que restou em muitos países são escombros. Basta observarmos o exemplo francês que recentemente passou por uma grave crise com a revolta de jovens imigrantes contra a situação atual, sobretudo, do sistema educacional francês e a falta de oportunidade de empregos e sua conseqüente precarização. Na Europa, somente os países nórdigos mantêm a duras penas e sob forte crítica burguesa e com muitos desvios a estrutura construída a partir do "Welfare State".

A nova centralidade do Estado, estabelecida a partir dos governos Thatcher e Reagan e que se universalizou com a derrubada do muro de Berlim e a queda da URSS privilegia não mais a atenuação das desigualdades, mas pelo contrário, o aumento delas, introduzindo a competição como um fator de progresso para toda a sociedade. Em suma, o neoliberalismo, a que estamos submetidos tirou da página da história do capitalismo qualquer retorno as proposições sociais-democratas e de seu Estado do Bem-Estar. Neste sentido, qualquer sugestão, no âmbito do capitalismo, em particular brasileiro, levando em consideração o histórico de atrocidades cometidas por nossas elites, que apresente a educação como saída se converte em engodo, em falácia, em ideologia pura.

Historicamente, o movimento negro e os movimentos sociais no seu conjunto vêm discutindo a problemática racial e propondo soluções para essa questão. Reconhecemos a luta pelo socialismo como um aspecto fundamental para transformar esta realidade. Contudo, não podemos deixar de lado os elementos específicos que enfrentamos.
Há muitos que vêem as ações afirmativas como proposições equivocadas e como remissão do capitalismo para um de seus problemas estruturais, visto que onde há capitalismo, há racismo. Mas temos que vê-las de outra forma, como proposições nossas, surgidas a partir de nossos enfrentamentos e como conseqüência deles. Há bastante tempo, o movimento negro, com a solidariedade de outros movimento sociais, traz a reparação racial como elemento essencial de nossa luta e è importante que não esqueçamos disto. Precisamos compreender que esta proposta sai das entranhas do movimento, de nossos embates, de nossas tensões, de nosso choro, alegrias e sofrimentos. Querem nos convencer de que essa proposta é alienígena, estrangeira, anglófila, mas isso não e verdade.

Por fim, gostaria de lembrar que há um Estatuto da Igualdade Racial a ser votado no Congresso Nacional e de que precisamos, antes de tudo, de unidade nesta guerra, e que sem ela, não chegaremos a lugar algum, é fundamental convencermos a sociedade brasileira de que teremos um país melhor e mais justo se conseguirmos aprová-lo.
www.pelenegra.blogspot.com

 
At 6:46 AM, Blogger Paula said...

eu acho isso um absurdo meu pai era pobre,minha mae era pobre e nao tinham condiçoes nenhumas pra uma boa faculdade e uma escola decente, mas eles batalharam e n precisaram de cotas pra isso
td que vc quer se vc se esforçar vc ganha,hj posso me considerar uma pessoa com uma vida mt boa e agradavel pq meus pais batalharam e tenho orgulho disso

 

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