E-crítica

por Rafael.

Jogos Panamericanos.
A cidade se modificou completamente para sediar os jogos. Ruas foram melhoradas, policiais foram treinados e, a cada esquina, ao menos perto dos estádios e locais dos jogos, há um carro patrulha da polícia. Com isso, estranha e surpreendentemente, a violência e a bandidagem deram uma pausa. É certo que a bandidagem também gosta de assistir aos jogos (principalmente nos esportes mais "famosos" aqui do Brasil) mas, veja bem, como a prefeitura conseguiu fazer isso? Correntes mais conspiratórias apontam que a própria polícia negociou com os altos escalões da delinqüência para dar uma colher de chá ao Rio de Janeiro para os gringos não acharem o país muito desorganizado. Para outros, o que aconteceu foi uma simples corrente colaborativa de patriotismo auto-induzido.

Explico: essa é uma forma de patriotismo em que as pessoas nutrem, de forma a se vangloriar de um bom aproveitamento em certos jogos (notadamente no vôlei e futebol). Pois nos outros jogos e competições nós apenas ouvimos falar no nome do esportista, e na mesma hora já estamos gritando "Vai lá, José dos Santos! Viva!!! Corre!!!" etc. Agora imagine se essa mesma carga de torcida e cumplicidade se transformasse numa vontade veemente de modificar o país? E se toda essa torcida pelos nossos esportistas se transformassem numa torcida política para que tal político melhorasse o Brasil?

É desse patriotismo que nós nos fazemos necessários e do qual nós não temos. O patriotismo que torce para o esporte é bem diferente e mais fácil em relação ao patriotismo que torce para nossa pátria. Mais uma vez percebemos como o governo dialoga com a população: eles usam a política pão-e-circo na qual a diversão e os jogos são usados como forma de alienar a populaça. Este tipo de política é aceita e funciona muito bem, obrigado. Com isso, torcer para uma Daiane dos Santos e um Robinho se torna tão proveitoso para os políticos, que querem que nos alienemos.

Portanto, é necessário aprender a desenvolver um patriotismo mais amplo. Desses em que sentimos orgulho do país e que nos esforçamos muito para melhorá-lo. Não adianta o país estar bem nos jogos Panamericanos enquanto dentro do país não se ganha uma medalha sequer.