E-crítica

Críticas e essays para assuntos diversos

Urbaniz-ação

por Rafael.
A seguir meu poema Dadaísta chamado Urbaniz-ação e então, uma análise feita pela professora Tereza Pires.


por Tereza Pires.
"Para os incautos leitores, a poesia do escritor Rafael Logan, recorre aos moldes do movimento dadaísta. O Dadaísmo, surgido em 1916, talvez tenha sido uma das mais radicais correntes das Vanguardas Européias.
Havia nos manifestos de Tristan Tzara, uma tentativa de apagar qualquer vestígio que pudesse tornar a arte em algo sublime e mitificado, da mesma forma, havia o desejo de retirar o caráter científico sobre a qual se precipitara a arte em face ao racionalismo positivista que se instaurava com todo o vigor sobre o mundo. O tom do deboche, da ironia e da iconoclastia pode ser percebido mais agudamente no último manifesto do movimento, ao todo foram sete, em que Tzara escreve a receita para fazer um poema dadaísta:
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.
A esta altura, bom lembrar Mallarmé em sua famosa obra publicada em 1897, Um lance de dados jamais abolirá o acaso.
Certamente o acaso rege as possibilidades dadaístas.
Porém não cede espaço para o consciente que escolhe, determinado, as palavras com que o acaso irá trabalhar na imprevisibilidade de um jogo marcado pelas percepções que se conjugam com a capacidade que nos permite experienciar o mundo.
Desta experiência extraímos a nossa forma de existir, existir é um movimento que exige que saiamos de nossa subjetividade para obter uma presença viva ereal.
Para o escritor, o espaço visual com que constrói a poesia parece nos apontar o branco da folha.

O jogo com os étimos das palavras, como por exemplo em Urb- Cidade e Ação, parece promover a idéia de um engajamento inquietante com o presente. Uma proposta de forte influência existencialista na inclusão da realidade concreta do indivíduo no sistema, cuja insatisfação parece refletir a própria inquietação da juventude que se propõe a dar o salto das angústias banais para uma existência em que a Vida em seu sentido pleno possa realizar-se.
As palavras devoram o branco do papel, assim como devoram o poeta. É com elas que a luta é travada. Há o jogo no lance de dados, e há também o jogo entre Eros e Thanatos:
Deixo com vocês o poema dadaísta de Rafael Logan:"

URBANIZ-AÇÃO!
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Recursos
mudança?

postado por Igor @ 8:35 AM,

2 Comentários:

At 6:57 AM, Anonymous Anonymous said...

"(...) Parece promover a idéia de um engajamento inquietante com o presente”.

Exatamente isso que me ocorreu quando fui ler seu poema b! Entre muitas outras coisas.
Acho que se sua capacidade, genialidade e, principalmente, a vontade penetrasse na cabeça de cada jovem e não só isso, mas trouxesse dentro de cada um momentos de reflexão, consciência e clareza, talvez faríamos uma diferença... "Mudança?" Quem sabe...

Beijos!

 
At 2:20 PM, Anonymous Anonymous said...

Manero...

 

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