E-crítica

Críticas e essays para assuntos diversos

Discriminação e preconceito

por Rafael.
Muito se fala sobre a discriminação racial no Brasil, mas o que é e até onde se pode considerar? Essa é a pergunta que muitos fazem de si para si mas quase ninguém tem uma resposta plausível ou, no mínimo, interessante. A verdade é que esse é um assunto muito sério em que é possível ver racismo ou preconceito em ambas as partes: do discriminado e do discriminador.

Chegamos a uma época em que a pseudo-democratização vem perdendo forças para um início de ditadura legislativa, ou seja, uma ditadura em que se começa com a própria lei. O nosso ilustríssimo presidente Lula aprova uma lei que garante o encarceiramento de uma pessoa que ofende ou discrimina a condição racial de outra pessoa, se esta o sentir discriminada. Não se pode mais chamar mais algum negro de "negro", e muito menos de "preto". Agora, por lei, pessoas morenas recebem uma demoninação de afro-descendentes ou afro-brasileiros. Esse é o primeiro passo para a censura política da não-liberdade de expressão de nossos pensamentos.

Essa mesma lei, considerada por alguns como íntegra e auxiliadora dos menos favorecidos ou dos reprimidos, ainda apresenta muitas falhas na concepção. Por exemplo, se uma pessoa numa discussão xingar outro de "preto" e este o processar por preconceito, aquele primeiro terá uma prisão inanfiansável; por outro lado, se essa pessoa ao invés de xingar preferir matá-lo é mais jogo: como réu primário ele apenas deverá pagar algumas cestas básicas e prestar serviços comunitários, enquanto responde ao processo em liberdade.

Outro aspecto importante para se tratar é o pré-preconceito existente nos grupos negros. Eu explico: uma pessoa negra andando por aí com uma camisa escrita "100% negro" é perfeitamente normal. Agora, se uma pessoa branca andar com uma camisa "100% branco" e um negro se sentir ofendido (mesmo se não o for) é considerado discriminação; pior ainda seria se essa mesma pessoa branca andar com uma camisa "100% negro"... dará um trelelê danado.

Mas não é só nas ruas que esse tipo de coisa acontece: temos exemplos no mundo virtual. Há poucos dias, o Google Brasil recebe um intimado do Ministério Público Federal de São Paulo para ajudar nas investigações e no monitoramento de comunidades que pregam idéias preconceituosas ou fazem apologia às drogas no Orkut. O Google Brasil diz que nada tem a ver com o monitoramento do Orkut, e que só a matriz da empresa nos Estados Unidos tem o poder de monitorá-los. Mesmo assim, é melhor ter muito cuidado com o que dissemos nas comunidades, tomando o maior cuidado para não entrar em comunidades preconceituosas que poderão algum dia ser monitoradas pelo Ministério Público: se houver alguma mensagem no mínimo maliciosa, já se pode considerar preconceituosa. E não apenas preconceito racial, mas também - e não menos importante - preconceito social e religioso. Eis aí o nosso país democrático e livre.

O melhor a fazermos, pois, é saber com quem falamos e como falamos, porque mesmo se alguém esbarrar em outro dentro de um ônibus lotado, já é motivo para discussão e briga. Antes de tudo, devemos nos controlar e utilizar a conversa séria e calma para não haver mais nenhum problema com isso.

Devemos ter a consciência que pelo menos no Brasil, há muita mistura de povos e raças que fazem um país com uma pluralidade étnica impressionante. Por isso, você que se considera "branco" ao falar dos "negros" lembre-se que você também tem uma parte dessa raíz afro-descendente na sua família, direta ou indiretamente. Se você tiver algum preconceito racial, então você também tem um preconceito por si próprio. porque você também faz parte dessa raça negra, pois no Brasil, ninguém é genuinamente "branco".

Quanto ao preconceito generalizado (racial, religioso, social) todos nós temos mas não gostamos de adimitir. Se você não gosta de um grupo social, os rockeiros por exemplo, então terá preconceito e uma certa distância deles. Você até pode conviver com algum rockeiro, mas você não o aceitará.. De uma maneira mais branda, isso também é considerado discriminação.

Uma sociedade em que todos respeitam a diferença do próximo é utópica, mas pelo menos podemos fazer muito para conscientizar a todos sobre nossa homogeneidade.. O primeiro passo é mudar a nós mesmos e tentar acabar com nossos preconceitos - seja ele racial, religioso ou social. O próximo passo se segue e podemos então construir um mundo um pouco melhor para se viver.

postado por Igor @ 4:38 PM, ,

Política Foliã

por Igor.
O Carnaval, a mais tradicional festa da brasilidade e cerne da alma carioca, tem evoluido através do vórtice temporal de forma espantosa. Desde as Grandes sociedades, caracterizadas pela critica politica e social, numa epoca em que os Bailes de carnaval eram populares entre os membros da elite carioca até o Carnaval popular, que corria as ruas com os famosos cordões como o Bola Preta cantando a alegria pela cidade, eles sempre tiveram uma caracteristica comum: a sátira e a critica ao modelo vigente.
Numa busca por maior representatividade do homem popular nessa festa democratica as comunidades pobres criaram as agremiações, ou seja, as escolas de samba que viriam mais tarde a crescer a tal ponto que hoje o desfile das mesmas ser o ponto culminante do Carnaval. Junto com esse crescimento, veio também a glamurização do espetaculo carnavalesco e ao poucos o carater popular e expontaneo deu lugar a mecanizacao do teatro do povo.
Mecanização, esta, a tal ponto que os enredos abordados passaram a ser vendidos as corporações em especies de outdoors carnavalescos. O Carnaval se tornara uma ótima vitrine para atender e deflagrar os interesses de determinados grupos de controle social.
A folia agora ganha traços politicos cada vez mais nitidos até mesmo nas escolhas não-tecnicas e lobistas de vencedores e perdedores do Carnaval. Há dois pólos, de um lado as escolas genuinas que ainda mantem o compromisso com sua comunidade, e estas, estão fadadas a derrota e ao apequenamento independentemente de quão bem executem seu desfile, e do outro, as escolas-outdoor sempre francas favoritas ao titulo do Carnaval por se submeterem aos interesses das grandes corporações*.
Precisamos ressuscitar a folia consciente que atua como instrumento de critica e satira e não como panacéia social, ou, nos conformemos não somente com a quarta-feira, mas, o Carnaval em si como conheciamos, será somente cinzas.

*vide Rede Globo

postado por Igor @ 5:52 PM, ,

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Igor e Rafael
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